RODRIGO NARRANDO :Ela deitou na cama daquele jeito que me tirou o ar. A pele arrepiada, os olhos brilhando, meio nervosa, meio entregue. Gabi tinha um jeito doce… mas por baixo daquela doçura, eu via um vulcão prestes a explodir.Fui tirando minha camisa devagar, sem pressa. Queria que ela me olhasse. Queria que ela sentisse que aquilo ali não era só mais uma transa, era diferente. Peguei o olhar dela em mim e sorri de canto, jogando a camisa no chão.Abri o cinto, desabotoei a calça, sentindo o volume do meu paü pressionando o tecido. Ela mordeu o lábio, e aquilo me deu ainda mais vontade de enlouquecer ela.Tirei tudo. Fiquei nu diante dela, e ela me olhava como se fosse a primeira vez que via um homem de verdade. Subi na cama com calma, apoiando um joelho de cada lado do corpo dela, e me inclinei pra beijar sua boca. Um beijo mais calmo, mais profundo, só pra mostrar que eu tava ali inteiro, pra ela.Minhas mãos deslizaram devagar pelas coxas dela, subindo com carinho. Beijei sua
GABI NARRANDO :Eu ainda sentia meu corpo formigar inteiro.A cabeça no peito dele, a respiração tentando voltar ao normal, e um silêncio gostoso preenchendo tudo ao redor. O tipo de silêncio que vem depois de um furacão, daquele que te vira do avesso.Fechei os olhos por um segundo, sentindo o cheiro dele, o calor do corpo, o coração dele batendo forte, ainda acelerado, igual ao meu.Nunca imaginei que fosse assim. Que um motel, logo um motel, virasse cenário do momento mais intenso da minha vida. Mas ali, nos braços dele, eu nem lembrava mais de onde tava. Só sabia que tinha me entregado, de corpo, alma, desejo. Tudo.— Tá tudo bem aí? — ele perguntou, a voz baixa, rouca, enquanto passava a mão pelos meus cabelos.— Uhum… — murmurei, abrindo os olhos e encarando o teto espelhado. — Tô só processando.Ele deu uma risada suave e beijou minha testa.— E aí, primeira vez em motel aprovada?Olhei pra ele e sorri, meio sem graça.— Acho que vou ter que voltar mais vezes agora, mas só se f
RODRIGO NARRANDOEla entrou no carro e se ajeitou no banco, cruzando as pernas, jogando o cabelo pro lado com um jeito tão natural que me deu vontade de parar tudo de novo só pra olhar.Dirigi em silêncio por alguns minutos. Não era aquele silêncio tenso, forçado, era tranquilo. Um silêncio que falava. A gente já tinha dito tudo com o corpo. O olhar. O toque.Olhei de canto pra ela e vi aquele sorrisinho ainda estampado no rosto. A boca dela parecia ter nascido pra me provocar.— Tá sorrindo por quê? — perguntei, com um meio sorriso também.— Sei lá… — ela respondeu, rindo leve. — Só tô bem."Bem." Aquilo ali foi a confirmação de que o que a gente viveu não foi só fogo do momento. Foi mais. Porque quando uma mulher sorri desse jeito depois, é porque sentiu. De verdade.Voltei os olhos pra estrada, mas por dentro eu ainda tava com a imagem dela se contorcendo embaixo de mim grudada na pele.— Tu devia sorrir assim mais vezes — falei, sem pensar muito. — Te deixa ainda mais bonita.Ela
Prólogo : Guilherme narrando : Eu sabia que aquele dia não seria como os outros. Desde o momento em que acordei, uma sensação estranha me acompanhava, como se algo estivesse prestes a acontecer. Algo ruim. O meu instinto gritava, mas eu ignorei. Estava ansioso para ver Camila, para sentir o seu cheiro, para tê-la nos meus braços mais uma vez. Era como um vício, uma obsessão que eu não conseguia controlar. A casa de praia da família dela era o nosso refúgio, o lugar onde podíamos nos esconder do mundo. Onde ela me dizia, entre suspiros e beijos, que nunca sentiu nada igual. E eu sempre acreditei nisso. Eu acreditei que ela era minha, assim como eu era dela. Cheguei lá com o coração disparado. A porta estava entreaberta, como se estivesse me esperando. Algo no silêncio do lugar me incomodou. O som das ondas parecia distante, abafado pela sensação sufocante que tomou conta de mim. Um arrepio percorreu minha espinha. — Camila? — chamei, a minha voz soando estranha até para mi
Capítulo 2 Camila narrando : Eu tinha 17 anos e, naquela época, o meu mundo ainda era a escola. Eu estava acostumada com aquele ambiente, com a rotina de ser a filha da família rica que todo mundo respeitava, ou, se fosse o caso, temia. Eu não me importava muito com isso, na verdade. Tinha meus amigos, as minhas coisas, e um futuro aparentemente já traçado. Mas tudo mudou quando ele apareceu. Ele estava no meu último ano de escola, mas era novo, um novato que parecia ter saído de algum lugar muito distante da minha realidade. Eu lembro bem do primeiro dia em que ele entrou na sala, com aquele olhar desconfiado, como se estivesse analisando cada pessoa, cada detalhe do lugar. Ele era diferente de todos os meninos que eu já conhecia, e não era só pelo jeito de andar, mais solto, mais confiante de uma maneira que eu não sabia explicar. Eu tinha acabado de sentar no meu lugar, perto da janela, quando ele entrou. Seu nome era Guilherme, e logo ele virou o assunto da turma. Gênio dos
Capitulo 3 :Camila narrando :Continuação :Uma tarde, depois da aula de história, ele me abordou novamente. Dessa vez, sem me pedir nada, sem um livro para pegar emprestado. Ele apenas se aproximou da minha mesa e ficou em silêncio por alguns segundos, como se estivesse decidindo o que dizer. O olhar dele estava mais intenso do que nunca.— Camila... — ele começou, com uma voz calma, mas que soava mais séria do que de costume. — Eu... eu não sei o que você pensa de mim, mas eu não sou como os outros. E eu sei que nem deveria estar falando com você,.mas eu não aguento mais guardar isso pra mim.Eu não sabia o que responder. Não estava esperando aquilo, mas ele parecia estar falando direto ao meu coração. Como se tudo o que eu temia, todas as barreiras que eu tentava colocar entre nós, estivessem sendo desfeitas com aquelas palavras simples.— Eu sei o que você quer dizer — respondi, com a voz trêmula, sem saber ao certo o que estava sentindo. — Mas não é tão simples assim.Ele me olh
Capítulo 4Guilherme narrando :Acordar cedo sempre fez parte da minha rotina. O despertador toca antes do sol nascer, e eu já sei o que me espera: mais um dia de luta. Minha mãe, Dona Lúcia, já está de pé antes de mim, preparando o café simples, que na maioria das vezes é só café puro mesmo, sem pão, sem leite. Quando tem, é porque algum dinheiro sobrou ou porque ela conseguiu trazer algo da casa onde trabalha como empregada.Moro num bairro humilde, de ruas esburacadas e casas pequenas que se amontoam umas sobre as outras. O tipo de lugar onde, quando chove forte, as vielas alagam e a água entra pelas frestas da porta. Mas esse é o meu lugar. Cresci aqui, aprendi a me virar aqui. Minha mãe fez de tudo pra me manter longe dos problemas, e foi por causa dela que eu sempre levei os estudos a sério.Eu estudo numa escola de elite, mas não porque minha família tem dinheiro. Entrei lá porque ganhei uma bolsa integral, dessas que só oferecem pra alunos que se destacam. Sempre fui bom com n
Capítulo 5Camila narrando :A escola nunca pareceu tão pequena quanto naquele dia. Cada corredor, cada sala, cada canto parecia pulsar com a tensão que existia entre mim e Guilherme. Eu sabia que estava me metendo em algo complicado, mas, ao mesmo tempo, não conseguia evitar. Era como se ele tivesse se tornado um imã e, por mais que eu tentasse, não conseguia ficar longe.Naquele dia, o intervalo parecia arrastado. Eu sentia o olhar dele me procurando no meio dos alunos, e, no fundo, eu sabia que estava esperando por isso. Quando finalmente nos encontramos, foi diferente. Tinha algo nos olhos dele que me fez tremer. Expectativa, talvez. Ou só aquela certeza de que algo estava prestes a acontecer.Ele se aproximou devagar, como sempre fazia, sem pressa, sem medo.— Camila — ele disse, e o jeito como meu nome saiu da boca dele fez meu coração acelerar. — Acho que a gente precisa conversar.Eu respirei fundo.— Sobre o quê?Ele deu um meio sorriso.— Você sabe sobre o quê.E eu sabia.O