Guilherme narrando :
Fiquei ali por alguns minutos, encarando a papelada, mas minha mente tava longe. Nada daquilo fazia sentido agora. Nem contratos, nem números, nem metas. Tudo parecia pequeno perto do que tava prestes a acontecer.
Olhei o relógio: faltavam poucos minutos pras três. Me levantei, caminhei até o frigobar, peguei um copo d’água e bebi devagar. Era como se eu estivesse me preparando pra uma batalha que eu nem sabia como ia começar.
Às três em ponto, ouvi duas batidas secas na porta.
— Pode entrar! — falei, com a voz firme, mas por dentro o estômago já tinha virado.
A porta se abriu e lá estava ele. Seu Jorge.
Mesmo com a idade, ainda mantinha aquela postura arrogante, aquele olhar de quem tá sempre no controle. Mas quando me viu ali, sozinho, sentado à frente da mesa, ele pareceu mais cauteloso. Entrou devagar, sem o tom agressivo de sempre.
— Boa tarde — disse.
— Boa tarde. Senta aí, por favor. — apontei pra cadeira em frente à minha mesa.
Ele se sentou, me encarando