A manhã seguinte ao baile parecia querer disfarçar todos os pecados cometidos sob as luzes de velas e a música das valsas. O sol filtrava-se delicadamente pelas cortinas de renda da sala de estar dos Fairweather, onde uma mesa elegantemente posta aguardava para o chá matinal. O aroma de bolinhos recém-assados e do chá de bergamota pairava no ar, como se nada no mundo pudesse estar fora do lugar.
Mas Beatrice sabia melhor.
Sentada ereta, com as mãos cruzadas sobre o colo, fitava o bule de porcelana chinesa com uma atenção quase artificial. Ainda podia sentir contra a pele o calor da mão de Oliver, a pressão firme de seu corpo contra o dela. Um arrepio teimoso percorreu-lhe a nuca ao recordar os beijos salpicados em seu pescoço na noite anterior, o timbre grave sussurrando desejos que ela não ousava repetir em voz alta. Um passo em falso, pensava, e sua reputação teria se estilhaçado como vidro fino.
E talvez fosse exatamente esse o objetivo dele.
— Você está estranhamente silenciosa