Mirella
A primeira coisa que senti foi o gosto metálico na boca.A segunda, foi o vazio.
Minhas pálpebras pesavam como se cada uma carregasse o peso do mundo. A luz acima de mim era fraca, mas ainda assim me ofuscava. Tentei me mover. Um gemido escapou dos meus lábios antes mesmo que eu entendesse por quê.
Dor . Corpo exausto. Uma incisão no abdômen. Parto. Meu filho. Abri os olhos de vez.
— O bebê… — murmurei, num fio de voz que mal reconheci como meu. — Onde está meu bebê?
O quarto era pequeno. Frio. Sem janelas. O teto de concreto, paredes nuas, nenhuma marca hospitalar. Não havia bipes. Nem monitores. Nem cheiro de álcool ou vozes profissionais. Era tudo... errado. Entrei em pânico.
Tentei me sentar, mas a dor cortou meu corpo em duas. Gemi, ofegante, as mãos tremendo, tentando encontrar qualquer sinal de vida além da minha. gritei, mesmo sem força.
— MEU FILHO! Onde está o meu filho?
Nenhuma resposta. Só o eco da minha própria agonia. Lágrimas brotaram sem permissão. Eu sentia co