O velho mestre e Madalena Kléo observavam, perplexos, a tela do monitor. As palavras lhes faltavam diante do que acabavam de ver…Théo havia prometido.O pequeno Théo finalmente havia concordado em ir para a escola. Isso não era apenas uma promessa — era um passo crucial em direção a uma vida mais próxima do que chamavam de normalidade.Madalena estava visivelmente emocionada:— Mestre… você viu isso? O Théo disse que vai à escola! Isso é maravilhoso… inacreditável!— É, o nosso garotinho aceitou ir para a escola! — suspirou o velho mestre, sentindo um peso sair dos ombros. — Tentamos de tudo, durante tanto tempo… cada método, cada tentativa. E bastaram apenas algumas palavras dela para ele mudar de ideia…— Eu confesso que achava que Pietro exagerava — admitiu Madalena —, mas a Amara realmente tem influência sobre ele. O Théo confia nela de verdade. Até o Pitter parece encantado…O velho mestre, porém, logo demonstrou certa inquietação: — Isso também é o que mais me preocupa. Essa mu
Após dois dias de merecido descanso, Amara recuperou suas energias e retornou à equipe de filmagens, pronta para retomar o trabalho.Ao revisar sua agenda, notou que a maior parte de suas cenas principais já havia sido concluída. O que restava eram tomadas complementares, especialmente sequências que envolviam sua personagem com Áurea Liss. Como já havia memorizado todas essas falas e movimentações, ela não estava nem um pouco preocupada.Ao chegar ao set, percebeu que sua cena ainda não havia começado.Ellma Instan correu em sua direção assim que a viu, com um sorriso no rosto:— Ei, Amara, que bom que você chegou! Eu estava prestes a te mandar uma mensagem dizendo que não precisava vir tão cedo!Amara arqueou as sobrancelhas, brincando:— Por quê? O diretor está tão generoso assim a ponto de me dar folga extra?— Não exatamente... — respondeu Ellma, abaixando o tom de voz e inclinando a cabeça discretamente na direção de Emília Glayc e Alice Houtt, que estavam no meio de uma filmage
Vinte minutos se passaram rapidamente.Amara retornou à área de descanso. Emília Glayc e Alice Houtt ainda estavam gravando, mas o resultado continuava desastroso, como sempre...Amara caminhou discretamente em direção ao diretor, que já estava à beira de bater a cabeça na câmera de frustração.— Diretor, posso falar com você por um instante?Edich virou-se com uma expressão exausta no rosto.— Ah, Amara... o que foi agora? Pode dizer.Ela refletiu por um momento antes de responder:— Tenho um compromisso inadiável mais tarde e realmente não posso esperar até o fim das filmagens. Será que poderíamos adiantar minha cena com a Emília Glayc?— Hm... — R. Edich hesitou, visivelmente desconfortável. — Você mesma viu o quão ruim está a atuação da Emília. E justamente a sua cena com ela é uma das mais difíceis…— Eu entendo, diretor. Mas talvez esse seja o problema... Talvez essa cena em específico esteja exigindo demais dela. Se trocarmos a sequência, quem sabe isso ajude um pouco? — sugeri
Edich olhou para Alice Houtt com impaciência:— Emília não veio de uma escola de atuação. Já é louvável que ela tenha conseguido entregar essa performance!Percebendo que Alice continuava insatisfeita, ele prosseguiu:— Mais tarde, por favor, se esforce um pouco mais na cena com ela. Emília só vai conseguir acompanhar se você estiver realmente concentrada. Entendido?— Diretor, mas ela... — Alice estava indignada. Agora era culpa dela se Emília Glayc tinha habilidades tão fracas na atuação?De repente, os comentários ao redor começaram a mudar de tom.— O diretor tem razão. No começo, pensei que fosse tudo culpa da Emília, mas pensando bem... a Alice também teve alguns deslizes!— Com certeza! Senão, como a Emília conseguiria fazer uma boa cena só ao lado da Amara?— A Emília é fraca, sim, mas a Alice também não é grande coisa. É tipo sujo falando do mal lavado!…Após o fim da cena, Emília Glayc pulou alegremente de volta para a área de descanso. Um assistente começou a abaná-la, enq
— Ei, garota, o Senhor Furquim está te chamando. Você não ouviu?Amara não respondeu. Sentada em seu canto, continuou saboreando calmamente sua bebida. A indiferença dela deixou os rapazes que cercavam o Senhor Furquim visivelmente irritados, e o tom deles rapidamente mudou de galanteio para hostilidade.Eles não esperavam que, mesmo após os chamados insistentes, ela sequer esboçasse reação. Como se não ouvisse nada, Amara manteve os olhos fixos no copo, impassível.— Sua vadia—Antes que o insulto fosse completo, o Senhor Furquim pousou uma das mãos no ombro do rapaz e riu, interrompendo-o:— Essa não é maneira de se flertar com uma mulher. O processo de conquista deve ser apreciado, entendeu?O rapaz deu uma risada constrangida, tentando manter o bom humor:— Senhor Furquim, o senhor está dizendo que eu fui apressado demais... Realmente, mulheres como essa não podem ser tratadas com pressa. Vamos deixar o senhor mostrar como se faz. Nós, irmãos de longa data, vamos apenas observar e
— Isso não vai funcionar. Mesmo que tivéssemos prometido, a Sâmia Lavínia Brieny não faria isso... não é, Lavínia? — disse uma das garotas, lançando um olhar cúmplice à mulher ao seu lado.A moça avançou alguns passos, aproximando-se de Amara, e a encarou com frieza.— Deve ter sido difícil vir até este bar a essa hora e se vestir assim. Aposto que gastou uma boa grana para montar esse visual... Pois bem, não posso deixar você sair daqui de mãos abanando. Considere isso uma... recompensa. Não, melhor... uma compensação.Com desdém, Lavínia abriu sua bolsa Hermès, retirou um maço de dinheiro e o jogou displicentemente aos pés de Amara.— Cinco mil. Está bom assim?— Doce Lavínia, você é tão generosa! Mesmo que a tivesse acertado com um tapa, esse valor teria bastado! — zombou uma das garotas, provocando risadinhas maldosas entre o grupo.— É verdade! Nossa, Lavínia, é sempre muito generosa. Mesmo que ela fosse uma prostituta, isso aí dava para uma tentativa! — disse outra, entre risos
Ao ver o modo como Amara encarava o homem que acabara de surgir inesperadamente, a jovem ao lado zombou com desprezo:— Você acha mesmo que tem o direito de olhar para um homem como ele?A paciência de Amara já estava se esgotando, mas essas criaturas pareciam ter o dom de levá-la a um novo nível de autocontrole.— Senhor Pitter, deseja algo em especial? — o barman se apressou em atendê-lo respeitosamente.O bar repleto de beldades e bilionários pertencia à família Riddel. Por sorte, o gerente já conhecia aquele homem discreto, tendo o visto em ocasiões anteriores — e mesmo que poucos o reconhecessem à primeira vista, era impossível esquecer a presença marcante de Pitter.Sabendo que ele não gostava de alardes sobre sua identidade, o gerente optou por chamá-lo apenas de "senhor Pitter".— Coloque a conta de todos por minha conta — disse ele com naturalidade.— Sem problemas! — respondeu o gerente prontamente.A multidão explodiu em aplausos após ouvir aquelas palavras. O comportamento
Do lado de fora do bar, uma estrada serena era ladeada por árvores de ginkgo douradas, balançando levemente sob o toque frio da noite.A brisa sussurrava entre as folhas enquanto um casal caminhava lentamente, como se estivessem tentando estender os minutos em silêncio.— Está tudo bem com você? — perguntou Pitter, com o tom calmo, mas carregado de preocupação.Amara balançou a cabeça, ainda tentando se recuperar da cena desconfortável de minutos antes.— Como você apareceu ali de repente? — questionou, ainda com o susto preso à garganta.— Eu estava resolvendo alguns assuntos no andar de cima. Tinha acabado de sair quando te vi — respondeu ele, de forma simples.— Ah... — Amara respondeu, sem saber exatamente como continuar. Acabou apenas dizendo: — Obrigada por me tirar daquela situação.Pitter deu de ombros, sem dar importância ao gesto.— Não precisa me agradecer. Eu sei que você teria resolvido sozinha. Só não queria que tivesse que sujar as mãos por algo tão pequeno.A voz dele