Mundo ficciónIniciar sesiónSinopse Com o coração partido e um rastro de dívidas insustentáveis, Nora acreditava que sua vida não poderia piorar. Mas, de repente, ela se vê obrigada a levar um homem completamente estranho para morar com ela. Agora, ela se vê dividida entre o caos que suas dívidas estão criando e o estranho dormindo em seu quarto. Nora terá que lidar involuntariamente com a presença desse homem em sua vida. Afinal, compartilhar sua casa com um desconhecido pode mudar tudo – para melhor ou pior.
Leer más— Você só pode estar louca, Rachel. — esbravejei entrando no meu carro — Videntes? Sério? Vai jogar dinheiro fora!
Rachel revirou os olhos enquanto fechava o cinto. — Se eu contasse antes, você não iria comigo. — Tem toda razão, não iria mesmo. — Nora, sua insensível, você só diz isso porque está prestes a se casar — Ralhou ela — mas eu não. Caramba, eu tenho 27 anos e com nenhum cara rolou conexão. Só pode ter alguma coisa errada. Olhei para a aliança de noivado dourada no meu dedo no mesmo instante que o sol tocava a jóia pelo vidro do carro. Eu vinha tentando não me arrepender de tê-la convidado para ser madrinha no casamento. O convite, inevitavelmente, tocou a num ponto fraco que ela tentava de todas as formas não pensar. Agora deu nisso. — Que conexão, Rachel? — questionei quase rindo, tentando não ficar para trás do sinal vermelho. — Conexão com quem? Você espera que uma cigana te dê conexões? Ela vai esvaziar sua carteira, isso sim. — Ai, cala a boca. — Rachel sorriu, sem um pingo de irritação. — Você fala como se isso fosse fácil. Ah, eu sei. Era mais fácil nevar no deserto que esvaziar a carteira dela. Isso era uma das qualidades herdadas do pai dela. Ao entrar na rua onde o GPS indicava, avistei o movimento de carros e estacionei logo em frente ao lugar. — Vamos logo com isso, não quero passar o resto do horário de almoço enfiada aqui. Rachel me olhou com uma careta e não falou mais nada. Ela apenas apontou para uma entrada estreita entre dois prédios antigos, com uma placa que pendia de ganchos na parede do lado da porta “ Universo da Madame Irna”. Dava pra ver a respiração dela agitada enquanto sorria pra mim como uma criança quando ganha um doce. — É aqui! Rachel, radiante, abriu a porta e um sino tocou acima de nós. O cheiro sufocante de incensos queimando, entupiu minhas narinas. Levei a mão ao rosto numa tentativa de proteger meus pulmões da fumaça. Olhei para Rachel que entrava na frente e não parecia nem um pouco incomodada. O espaço interno do lugar era apertado, com algumas poltronas de veludo e objetos decorativos numa prateleira presa a parede da ante sala. Por falar nisso, as paredes foram revestidas com um tecido púrpura grosso que mais parecia gritar "coviu" Ah, Rachel, você me paga! — Não tem ninguém, vamos embora. Antes que Rachel pudesse tocar na cortina de miçangas à nossa frente, alguém apareceu dentro da sala de atendimento, além das cortinas. Uma velha Cigana de pelo menos cinquenta anos estava de pé a poucos passos de nós. — Entrem, e desliguem os celulares. Não permito que a minha sessão seja interrompida. Que grossa, Sra Irna. Minha amiga irritante, Rachel, mergulhou na sala empurrando a cortina na minha cara. Eu nunca estive numa Cigana que lê cartas antes, mas sabia que ciganos tinham fama de golpistas. Talvez, Rachel, não soubesse. Inclinei um pouco para dentro e dei uma olhada desconfiada na sala de atendimento. — Rachel, eu vou ficar esperando aqui fora. Ela juntou as sobrancelhas e eu sabia pela cara feia que ela fez, que estava brava, mas e daí? Ela nunca vai sossegar até encontrar um namorado. Mas isso já é perda de tempo. Ignorando o olhar insistente de Rachel, me afundei numa das poltronas encostadas na parede. Não havia nada para passar o tempo além de livros, o que era bom porque gosto de ler. Apesar da leitura nada empolgante sobre ervas, o tempo estava se arrastando e minha paciência não durava mais que um minuto. Fui obrigada a deixar o livro onde estava e ir ver através da cortina de miçangas de novo. — Entre logo e sentisse! Engoli o nó em minha garganta. Não tive escolha, fiz o que a Cigana mandou. Entrei na sala e me sentei no banco de couro ao lado de Rachel. — Pode continuar. Não quero atrapalhar. Madame Irna tinha a aparência caricata de uma Cigana Vidente, com argolas douradas penduradas nas orelhas, pulseira extravagantes e seu típico lenço floral sobre o cabelo cheio. O que mais eu esperava? A velha Cigana estava sentada atrás da mesa redonda. Ela tinha espalhado cartas de tarô sobre a toalha de lantejoulas douradas. Aquele deveria ser o belo destino de Rachel. Depois de me encarar friamente por ter atrapalhado a sessão, ela se voltou para Rachel. — Você encontrará alguém que espera por você — começou a falar apontando para uma carta que mostrava dois caminhos divergentes. — Mas ele estará longe, talvez em outro lugar. — Longe? Que tipo de longe? Outra cidade? Outro país? — Rachel perguntou instantaneamente. — O destino não dá pistas. Você o encontrará, e não demora muito para que isso aconteça. — a Cigana disse e começou a juntar as cartas na mesa. — Ah que bom Rachel, já podemos ir. Levantei e peguei em seu braço induzindo a fazer o mesmo. Antes que a velha pudesse recolher todo o baralho nas mãos, uma carta deslizou sozinha dos dedos dela, caindo sobre a mesa virada para cima. Irna franziu a testa, me olhando. — É para você. Minha respiração parou por um momento. — Não. Eu não estou aqui para ver o futuro. Já sei tudo que preciso saber. Obrigada, mas estamos indo, não é mesmo Rachel? Fuzilei minha amiga. — O universo não comete erros. — Irna inclinou-se sobre a carta. — A Torre. Isto é um aviso do universo, Nora. Um ciclo está se encerrando para você e para isso algo terá que acontecer. Sua vida está prestes a mudar drasticamente. Uma reviravolta. E você vai sofrer. Eu ri sem vontade. — Isso é ridículo. Vamos embora, agora. Puxei o antebraço dela mais uma vez até que ela levantou. Rachel olhou para a Cigana ainda sentada com a carta da torre nas mãos e apenas se desculpou. — Sinto muito pela minha amiga.As folhas caídas criavam uma espécie de tapete dourado no chão do parque blocks. O cheiro de chuva era um lembrete do tempo mudando. Tudo estava mudando. O outono tinha chegado e com ele a poeira enfiada embaixo do tapete estava à mostra. Sai de casa a pelo menos uma hora, tentando colocar a cabeça no lugar e digerir o que tinha — ou não —, acontecido na noite passada.Dei uma passada na cafeteria em busca de algo que me acordasse e segui andando pelas calçadas, molhando meus tênis de corrida. Tomei um gole, era o chocolate quente mais doce que eu tinha tomado na vida, mas era perfeito. Minha cabeça ainda latejava como se um tambor estivesse dentro dela. Flashes da noite vinha a minha mente. A realidade dos fatos começava a doer. É, eu tinha passado a noite no sofá, babado no meu próprio rosto. Não teve beijo, não teve toque, nada tinha acontecido. Pelo menos, não de verdade. Tudo não passava de delírios de uma bêbada. Sentei no banco de madeira com vista para o paredão de árvores.
Minutos depois de deixar Rachel em casa, eu segui no táxi até meu apartamento. Minha cabeça estava um turbilhão de pensamentos, e por algum motivo todos eles tinham a imagem do Dean. Era como estar apaixonada novamente, a vontade sedenta de um toque quente, forte ao ponto de me fazer travar a respiração no peito. Já era tarde. Dean está dormindo. Só por isso lembrei de tirar as sandálias. Entrei e fechei a porta atrás de mim. Calculei mal a força e bati fazendo um barulho seco. Murmurei um palavrão. Minha visão ficou turva quando a escuridão do apartamento me engoliu por inteiro. Apesar de ter estado nesse mesmo apartamento por anos, eu não consegui encontrar o interruptor. Tateei a parede. — Ah droga, cadê?Devia estar bem aqui, lado esquerdo próximo à porta. Ou seria lado direito? Abri os braços tentando me equilibrar, fui andando devagar, no meio da escuridão. Talvez eu consiga achar o abajur do lado do sofá. Nunca achei que algo assim fosse tão difícil de fazer. Cadê esta mer
Entrei na onda. O cara vestido como um funcionário do banco de trinta e poucos anos, agora trilhava um caminho de beijos na lateral do meu pescoço enquanto nos movíamos num canto qualquer longe da pista. Eu bebi um pouco além do que meu corpo conseguia assimilar. Não sei como a coisa chegou até ali, mas eu tinha permitido que ele enfiasse a língua na minha boca sem resistência por algumas vezes e agora ele me abraçou colando seu corpo nas minhas costas ao som de Entertainer. Eu era entretenimento aqui? Que ridícula, Nora. Você não é mais uma adolescente como sua irmã, pensei. Me endireitei nos saltos e deixei que suas mãos moldassem na minha cintura. Não houve nenhuma conversa, nada produtivo entre nós. Ocasionalmente ele falava algumas coisas genéricas do tipo; está se divertindo? Minhas respostas se resumiam em sim e não. Ele era um cara tranquilo até mesmo com o álcool no sangue, tinha um jeito cauteloso e sempre que se aproximava para um beijo, parecia esperar uma aprovação da m
As luzes neon brilhavam. Me engolindo antes mesmo de eu passar pela porta da boate. A quantidade de carros de alto padrão na entrada da rua agitada confirmava o que Rachel dizia sobre o lugar, era o melhor ponto para uma boa noitada de bebidas. Quando o táxi parou em frente a entrada da reluzente Mystic, desci com meus saltos clicando no concreto. Sinto algo incomum percorrer meu corpo. Entusiasmo? Ego inflado? Não faço ideia. Algo em mim estava diferente, e tinha certeza que o motivo estava relacionado com Dean. O jeito como ele me devorava meu corpo com os olhos. Só de lembrar, meu corpo queimava. Não sou observadora ao ponto de perceber esse tipo de coisa, mas com Dean, eu era. Porque eu desejava que fosse real. Saber que pelo menos em um instante ele sentiu desejo de me tocar já, era mais do que o suficiente para que minha deusa interior viesse à superfície e tomasse conta. A partir de agora, eu dou as ordens. Um sorriso brotou nos meus lábios. Era um doce sorriso de pode
Depois do banho, me tranquei no quarto. O relógio não estava a meu favor, quando olhei o visor do celular uma hora tinha se passado e eu ainda estava enrolada numa toalha. Deslizei para dentro de um vestido cor de musgo, de tecido fluido. Abotoei parte dos botões frontais do vestindo, apenas o suficiente para dar evidência aos meus tímidos seios. Se a intenção era chamar a atenção, o decote era essencial.Perfume, hidratante, desodorante – imprescindível, cabelos alinhados e caindo como um manto sobre as costas. A pouca maquiagem era suave que eu havia aplicado cobria as sardas que nunca gostei e destacava meus olhos. Mas os sapatos… os sapatos eram o problema. As melhores opções eram um vermelho de salto espelhado e o outro preto com tiras de couro que amarravam na acima do tornozelo. Nenhum dos dois parecia confortável o suficiente para uma noite inteira de movimentação. Tudo bem, eu não preciso que fossem confortáveis, eu só quero estar atraente.Sejamos realistas, estou tentando
O casamento deveria acontecer às sete. A recepção estava marcada para às oito no luxuoso Salum Outono. Entrei em contato dias atrás com o local numa tentativa de fazer um acordo de rescisão. Parece que a sorte está ao meu favor. Recebi nesta manhã um email com um acordo para quitação imediata onde simplesmente tive um desconto de 90% no contrato. Era mais do que suficiente para rescindir o acordo sem culpa. Um golpe que Carter não previu. Se ele estava mesmo disposto a seguir com essa farsa, teria que encontrar outro lugar.Parte de mim duvidava que ele seguisse adiante, mas não quero correr riscos de contrair dívidas ainda maiores. Imagino Carter esperando que eu apareça no cartório, vestida de branco, pronta para fingir que nada aconteceu. Que eu engolisse sua traição com um sorriso, tudo para que ele não passasse vergonha diante de todos. Mas hoje ele aprendera uma lição. Eu queria acreditar que estava no controle, que cada passo dessa rebeldia calculada era uma vitória, mas





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