As folhas caídas criavam uma espécie de tapete dourado no chão do parque blocks. O cheiro de chuva era um lembrete do tempo mudando. Tudo estava mudando. O outono tinha chegado e com ele a poeira enfiada embaixo do tapete estava à mostra. Sai de casa a pelo menos uma hora, tentando colocar a cabeça no lugar e digerir o que tinha — ou não —, acontecido na noite passada.
Dei uma passada na cafeteria em busca de algo que me acordasse e segui andando pelas calçadas, molhando meus tênis de corrida. Tomei um gole, era o chocolate quente mais doce que eu tinha tomado na vida, mas era perfeito.
Minha cabeça ainda latejava como se um tambor estivesse dentro dela. Flashes da noite vinha a minha mente. A realidade dos fatos começava a doer. É, eu tinha passado a noite no sofá, babado no meu próprio rosto. Não teve beijo, não teve toque, nada tinha acontecido. Pelo menos, não de verdade. Tudo não passava de delírios de uma bêbada.
Sentei no banco de madeira com vista para o paredão de árvores.