Aurora
A luz branca do teto piscava suavemente quando abri os olhos. Tudo parecia embaçado. Como se eu estivesse tentando enxergar através de um vidro molhado. Pisquei algumas vezes. A cabeça latejava, os lábios estavam secos e havia um gosto metálico estranho na minha boca. O zumbido nos ouvidos se misturava com o bip constante de algum aparelho perto de mim.
Tentei mexer os dedos.
Depois as pernas.
Estavam ali. Funcionando. Doloridas, mas presentes.
O que…?
O tiroteio.
A bomba.
Megan gritando.
A dor aguda.
O cheiro de sangue.
O bebê.
Meu coração deu um salto desesperado e minha mão correu até a barriga, por baixo do lençol. Havia uma leve protuberância ali, firme, morna, envolta em curativos. Fechei os olhos com força, sentindo a garganta se fechar em pânico.
— O bebê… — murmurei, com dificuldade. — Meu bebê… ele está bem?
Uma voz veio de um canto do quarto, suave, mas carregada de tensão:
— Está sim. Contra todas as probabilidades… seu bebê está bem.
Virei o rosto lentamente em dir