Aurora
Nos últimos dias, o silêncio havia se tornado meu único companheiro.
Giovanni estava na mesma casa que eu, dormia em algum quarto próximo, talvez a poucos passos de mim. Mas podia muito bem estar em outro continente. Nossos caminhos pareciam não se cruzar mais, como duas linhas paralelas fadadas a jamais se tocarem. E isso… isso estava me destruindo aos poucos.
Minha barriga crescia. Não era ainda tão evidente, mas já alterava meus movimentos, minha postura, minha percepção do mundo. Meus seios estavam mais sensíveis, meu olfato mais aguçado, e às vezes o enjoo voltava como uma lembrança cruel de que eu carregava um segredo vivo, pulsante, dentro de mim.
Mas o que me doía mais… era a ausência dele.
Giovanni havia se tornado sombra. Passos no corredor. Voz abafada atrás de portas fechadas. Silêncio à mesa.
Durante o dia, eu mal via alguém além das criadas. Não tinha apetite. Não tinha vontade. Passava horas deitada, olhando o teto, sentindo o tempo escorrer por entre os dedos co