Giovanni
A sala de estar de Matteo tinha a exata energia de um campo minado: polida, silenciosa e pronta para explodir a qualquer momento. Os policiais federais examinavam documentos, pastas, registros digitais. Havia papéis espalhados pela enorme mesa de centro, laptops abertos e olhos desconfiados em todas as direções.
Eu estava com os braços cruzados, encostado na parede, sem tirar os olhos dos detetives. O cheiro forte de café misturado ao suor nervoso de Nicolo pairava no ar.
— Isso aqui é uma palhaçada — resmungou Nicolo, andando de um lado para o outro feito um leão enjaulado. — Estão querendo achar cabelo em ovo. Todas as garotas da boate assinaram os contratos, tudo legalizado, carimbo, testemunha...
— Estão querendo nos ferrar de algum jeito — murmurei, baixo o suficiente para só Nicolo ouvir. — E quanto mais a gente se irrita, mais eles gostam.
Matteo estava sentado no sofá, com o semblante abatido. Não era todo dia que você via a principal boate do seu império ser reduzida