Narrado por Vinícius
Eu nunca pensei que estaria assim. Sentado num quarto de hospital, com minha mulher desacordada numa maca, e o coração parecendo que vai rasgar o peito. Eu, Vinícius Vasconcelos... logo eu, que achava que era o rei da cocada preta, agora tô aqui, rezando baixinho pra não perder nem ela, nem o nosso bebê.
Minha mãe entrou no quarto com aquele jeito dela que parece furacão vestido de salto.
— Então, como ela está, Vinícius?
Suspirei fundo. Porque eu não sabia nem como responder sem me desmanchar.
— Ela tá dormindo... O médico deu um remédio e o soro tá limpando o sangue dela. Aquele desgraçado drogou a Sara!
Meu pai entrou no embalo, com a testa franzida:
— Eu tomei as providências. Ele não pisa mais no cassino! Mas... é meu neto. Como ele tá?
Fiquei em silêncio por um segundo, tentando engolir o medo.
— O médico pediu alguns exames. Tô esperando...
Aí minha mãe já soltou o verbo. E quem conhece sabe: quando ela liga o modo tempestade, sai debaixo.
— E você não fala