Narração de Vinícius Vasconcelos
Acharam ela.
Essas palavras ecoaram dentro do meu peito como um trovão preso — e por um segundo, eu respirei. Só que o alívio durou pouco. Era um alívio sombrio, como se algo dentro de mim já soubesse que a tempestade ainda não tinha passado. Só tinha mudado de forma.
— Graças a Deus... — minha mãe suspirou.
— Como ela está, pai? — perguntei, com a garganta seca.
— Levaram ela pro hospital...
Não esperei mais nada. As pernas correram antes de mim.
— Eu vou ver ela agora!
— Espera, meu filho! Eu vou também! — mamãe correu atrás.
Meus ouvidos nem absorveram o resto. José, Luna, todo mundo dizendo que ia também. Que viessem. Eu só queria ver ela. VIVA.
No hospital, o cheiro de éter misturado com aquele silêncio pesado só piorou a angústia. Era como se o próprio prédio segurasse a respiração.
— Sara Vasconcellos? — perguntei, para a recepcionista, a voz mal saindo.
— Quarto 210.
Saí correndo, tropeçando no chão, no ar, em mim mesmo. Minha mãe