Capítulo 70

Narração de Vinícius Vasconcelos

Acharam ela.

Essas palavras ecoaram dentro do meu peito como um trovão preso — e por um segundo, eu respirei. Só que o alívio durou pouco. Era um alívio sombrio, como se algo dentro de mim já soubesse que a tempestade ainda não tinha passado. Só tinha mudado de forma.

— Graças a Deus... — minha mãe suspirou.

— Como ela está, pai? — perguntei, com a garganta seca.

— Levaram ela pro hospital...

Não esperei mais nada. As pernas correram antes de mim.

— Eu vou ver ela agora!

— Espera, meu filho! Eu vou também! — mamãe correu atrás.

Meus ouvidos nem absorveram o resto. José, Luna, todo mundo dizendo que ia também. Que viessem. Eu só queria ver ela. VIVA.

No hospital, o cheiro de éter misturado com aquele silêncio pesado só piorou a angústia. Era como se o próprio prédio segurasse a respiração.

— Sara Vasconcellos? — perguntei, para a recepcionista, a voz mal saindo.

— Quarto 210.

Saí correndo, tropeçando no chão, no ar, em mim mesmo. Minha mãe
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