Narração: Vinícius
Já fazia horas que o tempo parecia congelado. A casa estava em silêncio, mas um silêncio que berrava. Eu andava de um lado pro outro, as mãos tremendo, o peito apertado. O relógio marcava o tempo, mas o meu coração só batia numa única frequência: Sara.
— Eles não mandaram mais nada, pai? — perguntei, mesmo sabendo a resposta. Minha voz saía rouca, gasta de tanto gritar por dentro.
— Não. Mas homens meus pegaram as câmeras da rua onde a Sara foi sequestrada. Pegaram a placa do carro. Vamos achar ela, meu filho... — disse meu pai, firme. Como se pudesse segurar o mundo nas costas.
— Sim... vamos ter ela de volta... — falei mais pra mim mesmo. Uma tentativa tola de manter a fé.
Mas então veio o show de drama barato.
— Se algo acontecer com a minha filha, a culpa vai ser de vocês! Por que vocês só não pagam o que eles estão pedindo? Vocês têm dinheiro! Quero a minha filha, ela é tudo que eu tenho! — José se exaltava, com a melhor atuação de pai desesperado que eu já vi.