Assim que o dia amanheceu, Elisa calçou os tênis e saiu para correr, como fazia sempre que precisava respirar longe das memórias. Não era sobre exercício. Era sobre tentar deixar a dor para trás a cada passo.

Voltou, tomou um banho, vestiu um vestido qualquer e saiu. Ao chegar, o som dos saltos de Elisa ecoava pelo hall de mármore da empresa, como sempre fez. Rítmico. Imponente. Mas naquele dia, havia algo errado.

As pernas, que tantas vezes sustentaram decisões impiedosas e discursos afiados, agora tremiam. Um leve vacilo, quase imperceptível. Só quem a conhecia de verdade notaria. E ele notou.

Adam estava parado à porta de vidro do edifício, de braços cruzados, o terno escuro alinhado como armadura. O olhar fixo nela, como se tentasse decifrar cada passo, cada suspiro, cada pedaço quebrado que ela tentava esconder.

Ela parou por um instante, o ar preso no peito. O coração disparou com uma mistura de medo e receio. Ainda não sabia se estava pronta para encará-lo, para revelar o qu