Tiago teve alta dois dias depois, pela manhã. Eu não havia contado a ninguém, nem mesmo aos meus pais. Saímos sorrateiramente pelo estacionamento do hospital e ninguém nos viu.
Acomodei meu filho no banco de trás e afivelei o cinto, me certificando que ele estava confortável, com muitos travesseiros ao seu redor.
Depois, fui para o banco do motorista. Conforme o carro deslizava pelas ruas, não pude deixar de sentir uma certa nostalgia, meus pais ficariam para trás, novamente sem direito a uma despedida, Víctor também ficaria e nem mesmo poderia contar ao Tiago que era seu pai. Melhor assim.
Certamente se eu ficasse, esse seria outro escândalo, e eles dariam um jeito de me julgar por não ter contado a ele sobre o filho. Na rua, todos olhavam, até porque, meu carro era inconfundível, um Ford clássico azul, com a palavra “vadia” riscada na lataria. Todos sabiam que era eu.
Eu decidi não arrumar a lataria, para lembrar todos os dias das consequências dos meus erros. Essa seria a minha pe