O refeitório esvaziou devagar, até só restarem vozes distantes e cadeiras empurradas com cuidado para não acordar quem já dormia nas tendas. Eu fiquei por último, recolhendo alguns talheres que alguém esqueceu sobre a mesa. Quando saí, a noite tinha caído por completo, mas não estava fria — era uma daquelas noites mornas em que tudo parece suspenso.
Caminhei até o canto do pátio, onde a cerca improvisada marcava o limite entre a base e o terreno baldio ao lado. Sentei no degrau de madeira, abraçando os joelhos. Dali, dava pra ver algumas luzes fracas que piscavam na estrada, como pequenos sinais de que o mundo não tinha acabado.
Fiquei ali sem pressa, respirando o cheiro de terra molhada que sempre me lembrava de Belle Rive. Tentei imaginar como estaria minha rua agora. Talvez as casas ainda estivessem em ruínas. Talvez alguém já tivesse erguido alguma coisa nova por cima. Era difícil pensar nisso sem um peso na garganta, mas também era mais fácil do que antes.
O som de passos no casc