O dia começou com um vento frio que fazia as lonas balançarem como velas no convés de um navio. Quando acordei, June já estava sentada no chão do alojamento, amarrando os cadarços das botas com uma calma que eu invejava.
— Dormiu bem? — perguntei, a voz ainda rouca.
— Melhor do que esperava — respondeu. — E você? Sobreviveu ao seu primeiro dia de professora de guerra?
Eu ri, mesmo sentindo o estômago dar aquele nó conhecido.
— Foi estranho — confessei. — Mas… bom. Eu não lembrava que podia ser assim.
June me olhou por um instante, como se quisesse dizer algo que não encontrou palavras. No fim, só estendeu a mão e apertou meu joelho antes de se levantar.
— Então vamos lá — disse. — Hoje você vai ensinar, e eu vou fingir que sou útil.
Quando chegamos ao galpão, Deborah já estava dando instruções a dois voluntários novos. Entre as pilhas de caixas, alguém tinha aberto um canto só para materiais escolares: caixas rasgadas com livros de histórias, cadernos amarelados, lápis de cor quebrado