O pátio estava cheio de caixas empilhadas quando saímos do alojamento. Deborah tinha nos acordado batendo na porta com a concha de servir sopa — um alarme improvisado que, pelo menos, tinha mais delicadeza que as sirenes de Belle Rive.
“Hoje vocês duas vão ajudar no carregamento,” anunciou, assim que abrimos a porta.
“Carregar caixas parece ser meu destino,” murmurou June, esfregando os olhos.
Eu sorri, sentindo que aquela reclamação era mais costume que queixa real. Depois de tantos dias ali, já conhecia o jeito dela de fingir que tudo era só trabalho, quando no fundo importava muito mais.
O caminhão era maior do que eu esperava. Um dos voluntários explicou que ia levar mantimentos pra uma cidade vizinha, onde muitas famílias ainda estavam isoladas. Cada caixa tinha etiquetas — arroz, leite em pó, enlatados. Quando comecei a empilhar uma sobre a outra, percebi como meu corpo já não se ressentia tanto do esforço físico. A exaustão vinha, claro, mas vinha acompanhada de algo que pareci