Na manhã seguinte, acordei antes de June. A luz entrava pelas frestas da janela e riscava o chão com faixas douradas. Fiquei deitada um tempo, só observando a poeira dançar no ar. Era uma das poucas horas em que o silêncio não parecia vazio.
Quando levantei, June ainda respirava devagar, como quem estava, finalmente, descansando. Peguei meu caderno e saí sem fazer barulho. O pátio estava quase deserto. Alguns voluntários carregavam caixas. No canto, Callum empilhava tábuas. Eu me obriguei a não olhar por muito tempo. Ele parecia concentrado, alheio a qualquer coisa que não fosse o trabalho.
Sentei num degrau perto da porta e apoiei o caderno no colo. Por alguns minutos, só fiquei olhando a contracapa, tentando decidir se tinha coragem de escrever o que vinha me rondando desde que cheguei ali.
Quando comecei, as palavras vieram como se tivessem ficado presas tempo demais:
"O dia do furacão não teve nada de cinematográfico. Não foi um vento que chegou de repente. Foi um aviso na televis