Capítulo 14

O refeitório parecia outro lugar à noite. As vozes baixas, o barulho ritmado dos talheres, a claridade suave das lâmpadas penduradas — tudo dava ao espaço um ar de refúgio improvisado.

Eu e June chegamos ainda cobertas de poeira e cansaço. Deborah estava atrás do balcão, mexendo alguma coisa numa panela grande. Quando nos viu, estreitou os olhos, como quem avalia se ainda tínhamos forças pra ficar de pé.

“Vocês duas estão um trapo,” anunciou, em tom neutro.

“Obrigada pelo carinho,” respondeu June, tirando o colete e largando numa cadeira.

“Vai sentar,” disse Deborah, apontando com a concha. “Hoje ninguém vai inventar de me ajudar aqui.”

Sentei ao lado de June, e por um instante não falei nada. O silêncio não parecia desconfortável. Era como se já houvesse uma linguagem própria entre nós — a de quem sobrevive junto.

Depois de alguns minutos, Deborah veio com duas tigelas de sopa fumegante. Depositou cada uma na nossa frente e apoiou as mãos nos quadris.

“Comam tudo,” ordenou. “E guarde
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