Na manhã seguinte, June apareceu na porta do alojamento com um colete fluorescente jogado sobre o ombro. O cabelo dela estava preso num coque improvisado, e as olheiras denunciavam que não dormira muito.
“Hoje não tem estoque, não tem cozinha,” anunciou, erguendo o colete. “Vamos sair.”
“Pra onde?” perguntei, ainda sentada na cama.
“Mutirão de limpeza. Tem uma rua perto do rio que ficou coberta de entulho. A prefeitura nunca chega. Então… somos nós que vamos.”
Eu nunca tinha feito nada parecido. Por um instante, cogitei inventar uma desculpa — dizer que estava cansada ou que precisava ajudar Deborah. Mas havia algo no jeito decidido da June que me lembrava de por que eu estava ali.
“Ok,” disse, levantando devagar. “Me dá esse colete.”
Ela sorriu de leve e estendeu o tecido laranja.
“Eu sabia que você ia topar.”
O caminhão da base nos deixou numa rua que parecia cenário de filme. Telhados arrancados, móveis partidos, brinquedos espalhados no asfalto. Havia cheiro de madeira molhada e a