Senti minha garganta fechar, meu peito afundou e por um momento senti que a rotação da Terra se interrompeu. A gravidade parecia forte demais, puxava meu corpo em direção ao chão enquanto eu lutava para me manter de pé. A pressão atmosférica aumentou de forma exponencial e eu não conseguia nem me mover.
Eu apenas continuei lá, em completo silêncio, congelada.
Por algum tempo não houve qualquer reação da minha parte, apenas Luís seguia falando.
— Ele ligou, sabe… - Sua voz era hesitante, era como se ele tentasse encontrar as melhores palavras. Mas não haviam palavras, nem melhores ou piores, que pudessem ajudar a dar aquela notícia. — Ele… tá internado numa casa de repouso e queria falar com a gente.
Eu não sabia como reagir, tudo naquela frase era ridículo: a improbabilidade, a ousadia, a tragédia, a ironia. Meus olhos ainda estavam fixos em seu rosto, mas eu não enxergava Luís, eu nem sei se enxergava algo, me sentia isolada dentro de mim, reprimida por um turbilhão de sentimentos