Capítulo 38 — Ninguém entra no inferno e sai intacta.
POV Sophia Sinclair
Café Margaux, Paris
O sino da porta tocou quando entrei. Pequeno, discreto, com aroma de croissant amanteigado e café moído na hora. A luz do fim da tarde entrava pelas janelas, dourando as mesas de madeira antiga. Mas meu corpo gelava por dentro.
Lá estava ele. Meu pai. Paletó escuro, postura impecável, o mesmo olhar de comando de sempre. Mas os fios grisalhos denunciavam o tempo. E as olheiras... bem, talvez ele também estivesse sendo engolido por alguma coisa.
— Sophia. — Ele se levantou. Um sorriso contido. Forçado. De quem não sabia exatamente se podia abraçar ou pedir perdão.
Assenti com a cabeça, engoli seco e fui até a mesa. Ele me puxou para um abraço. Quase automático. Me envolvi, sentindo uma saudade absurda dele. Ele cheirava como sempre, colônia cara, couro, e uma pitada do homem que dizia me proteger.
Sentamos. Ele pediu dois cafés, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Como se não tivesse me empurrado para um inferno com nome e sobrenome: Matt