Lorenzo estava diante da grande janela do hotel onde havia se hospedado os olhos fixos na cidade que se desenrolava sob o céu cinzento. Mas não enxergava os prédios nem as ruas movimentadas. Seus pensamentos estavam longe dali. Pousados em um nome. Um único nome.
Gabriel.
O relatório ainda estava sobre sua mesa. Intacto, embora ele já o tivesse lido mais de uma vez.
Lorenzo Alcântara nunca foi de hesitar. Quando precisava de respostas, ele encontrava. Quando queria a verdade, mandava apurar. E quando teve a desconfiança de que Isadora escondia algo — mais precisamente, alguém — a decisão veio quase instintiva.
Pediu a investigação de forma discreta. Sigilosa. Não queria expor ninguém. Não queria prejudicar Isadora. Não naquele nível.
Mas agora que o relatório estava ali, e o nome do garoto estampado em letras nítidas, era como se tudo o que conhecia tivesse virado de ponta-cabeça.
Gabriel Mendes.
O sobrenome não era o seu. E isso doía mais do que gostaria de admitir. Havia uma foto— u