O aroma suave de chá-preto com baunilha preenchia a cozinha silenciosa da casa de campo. A chuva batia leve nas janelas, como se o mundo lá fora tivesse desacelerado para respeitar aquele instante. Isadora permanecia quieta à mesa, os olhos baixos, os ombros caídos sob o casaco pesado. A mochila — sua única bagagem — repousava esquecida num canto.
Catarina observava em silêncio, sem pressa. Sabia que feridas assim não se revelam sob pressão. Mas o semblante da sobrinha doía de se olhar: o rosto abatido, os olhos vermelhos, a alma machucada.
— Chá quente ajuda mais do que parece — disse, puxando a cadeira e se sentando à frente dela.
Isadora tentou sorrir, mas foi só um movimento triste de lábios.
— Obrigada por me receber... Eu sei que cheguei sem avisar, mas não sabia pra onde ir.
— Isa... — Catarina disse, estendendo a mão e tocando levemente os dedos da sobrinha — você sempre teve um lugar aqui. Sempre.
Silêncio.
Isadora respirou fundo. Parecia buscar coragem para atra