Lorenzo se recostou na poltrona da sala de reuniões assim que Helena saiu. O sorriso ensaiado dela ainda pairava no ar como um perfume desagradável. Foram quarenta minutos de palavras envernizadas, insinuações sutis e uma proposta ainda mais ousada: ela queria voltar. Queria “reconstruir o que deixaram para trás”.
Ele fechou os olhos por um instante. Mas o que havia para reconstruir?
Helena sempre fora o tipo de mulher que gostava de vencer, não de amar. Sumira do país sem explicações, abandonando-o no altar — literalmente. O vestido comprado, os convites entregues, os sonhos empacotados e jogados fora como uma roupa fora de moda. E agora ela voltava, agindo como se nada tivesse acontecido. Como se ele estivesse em stand-by, esperando por ela.
Como se Isadora não existisse.
Lorenzo passou a mão pelo queixo, o olhar fixo na porta fechada. A lembrança de Isadora naquela manhã — firme, porém com os olhos abatidos — o atingiu como um soco. Ela sabia. Isadora sentiu a presença de Helena an