A manhã em Dublin estava fria, com um céu de chumbo e gotas miúdas de chuva que começavam a salpicar o para-brisa do carro preto estacionado discretamente do outro lado da rua. Lá dentro, com os dedos entrelaçados sobre o volante e o coração em chamas, estava Lorenzo Alcântara.
Durante a madrugada, um relatório havia sido entregue em suas mãos. Completo. Minucioso. Tão direto quanto cruel. Ali estavam os dados escolares, médicos e sociais de Gabriel Mendes — o filho de Isadora.
O filho dele.
E agora ele estava ali. Silencioso. Atento. Observando os portões da escola, onde dezenas de pais deixavam seus filhos, com mochilas coloridas e passos apressados.
Mas ele não enxergava ninguém além daquele garotinho de cabelos loiros lisos, olhar vivo e altivo, que descia de um carro prata com uma mulher esguia, de postura elegante e sorriso radiante.
Isadora.
Ela se agachou diante do menino e ajeitou a gola do casaco dele com delicadeza. Gabriel segurou o rosto dela entre as mãos e encostou a te