RUBY RADCLIFFE
As lâminas do helicóptero cortavam o ar com voracidade contida. A ilha surgiu sob nós muito antes de podermos processar: um retalho de cápsulas de areia branca, mansões suspensas sobre o mar, terraço de pedras claras e piscinas que refletiam o céu.
Mesmo sentada na poltrona e com o pesado headset de aviação, abafando o rugido das hélices, os meus dedos estavam entrelaçados no assento de couro e o estômago continuava a rodopiar.
Harry estava ao meu lado, imóvel, calmo, a maldita figura ordenada que eu já conhecia. Tentou conversar comigo para me distrair, disse que o helicóptero era o meio menos seguro, mas mais inesquecível de chegar; falou do vento e da vista; prometeu que tudo ali era um santuário de silêncio e luxo, eu escutava com o olhar na janela, tentando afirmar que era possível confiar que tudo daria certo.
Quinze minutos depois, ele apontou para o que chamou de destino.
O meu fôlego perdeu-se ao ver o resort cintilando à beira-mar: construções brancas, linhas