RUBY RADCLIFFE

Cinco horas sobrevoando o oceano, flutuando num espaço entorpecido de nuvens e expectativas, resultaram numa chegada gelada, porém vibrante: Saint Maarten. Mas antes disso houve — ou melhor, houve mesmo — um café da manhã tão exagerado que parecia uma revanche contra restrições sociais: pães artesanais, frutas cortadas, omelete com trufas, espumante gelado… tudo servido na bandeja do jato.

Harry fez questão de desligar o celular antes do café da manhã chegar e olhou nos meus olhos com aquele tom inabalavelmente impassível e disse somente:

— Quero a sua atenção inteira. — E foi exatamente isso que recebeu.

Eu tagarelava sem parar.

Contava observações sobre o voo, sobre o que era no menu, sobre o vestido que planeava usar quando chegássemos, até revivi uma anedota da despedida de solteira. Ele respondeu muito pouco, limitou-se a pequenos comentários, interrompeu os meus risos com resmungos sutis, bem talhado, sempre distante, mas não frio, eu sabia que a presença dele er