HARRY PORTMAN
A sala cheirava a couro velho, madeira envernizada e arrogância. A alfaiataria de luxo no centro de Nova Iorque parecia mais um templo profano onde homens importantes vinham ser esculpidos em tecido caro — não para casar, mas para dominar, para disfarçar os seus dentes com linho italiano.
A porta fechou-se atrás de mim com um estalo abafado, e por um segundo, desejei que fosse o fim da conversa antes mesmo de começar.
Steffan já estava de pé no centro da sala, os braços abertos, enquanto um alfaiate franzino media a largura dos seus ombros com fita métrica e olhos reverentes.
— Quantos centímetros de puro charme tu queres registrar aí, meu mestre? — disse ele para o alfaiate, rindo de si mesmo.
Não sorri.
Não era o dia para isso.
Nunca era o dia para isso.
Meu pai estava encostado junto ao aparador, com um copo de uísque que já não estava lhe sendo oferecido, mas que ele se servira como se fosse dono da mobília, do vidro, e do tempo. Sempre me irritava o dom que Herodes