Victor D’Abruzzi acordou mais cedo do que o habitual naquela manhã. Dormira mal. O rosto de Alicia — ou Lúcia, como ousara se apresentar — assaltava seus pensamentos com uma frequência irritante. Nunca antes sentira tamanha inquietação por causa de uma mulher. Não daquelas que cruzavam sua cama com beijos ensaiados e intenções ocultas.
A memória daquela noite o desconcertava. Era como se a intensidade de tudo tivesse rasgado o controle frio que sempre o definira. O jeito como ela se entregou, como reagiu ao seu toque — com inocência, mas também com uma paixão incontrolável — o deixava desconfiado. Havia algo naquela mulher. E ele precisava saber o quê.
Vestiu-se como sempre: terno cinza grafite, camisa branca impecável, gravata de tom escuro. O relógio suíço no pulso marcava 8h42. Ao descer os degraus de mármore da cobertura que ocupava no alto da sede da D’Abruzzi Corporation, em Canary Wharf, Victor sentia o peso da expectativa em seu peito — mais do que gostaria de admitir.
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