O trem bala cortava a paisagem italiana a quase 300 km/h, mas dentro da cabine executiva tudo parecia imóvel. Valentina encarava a própria imagem refletida na janela: elegante, fria, com um leve toque de mistério. A mulher que ela fora outrora parecia cada vez mais distante.
Ao seu lado, Francesca revisava os documentos falsos. Valentina agora era Elena Valli, esposa de um magnata do setor marítimo, convidada para um evento diplomático russo em Roma.
— Ele vai estar lá — disse Francesca, sem tirar os olhos do tablet. — Matteo Bianchi. Com um grupo de empresários ligados à exportação de minério. Mas todos sabemos o que isso significa: lavagem de dinheiro e acordos armados.
Valentina assentiu.
— E o objetivo é o quê? Me aproximar? Conseguir uma conversa?
— Observar. Escutar. Medir o território. Mas se conseguir mais que isso, ainda melhor.
— E se ele desconfiar?
— Não vai. Bianchi não subestima mulheres. Mas também não as respeita. E isso pode ser sua maior vantagem.
Valentina