O avião cargueiro rugia contra os ventos cortantes do Atlântico Norte.
Valentina encarava o horizonte branco da Groenlândia com uma estranha calma. O mundo parecia adormecido sob aquela imensidão congelada, mas ela sabia: sob os glaciares, o coração da escuridão pulsava.
— Estamos nos aproximando da Zona Nula — avisou Francesca, ajustando o comunicador. — A partir daqui, toda tecnologia convencional será bloqueada. Campo eletromagnético de dissuasão. Vamos depender apenas de protocolos analógicos.
Valentina assentiu, ajustando os cintos de sua roupa térmica.
Enzo, ao seu lado, silencioso, verificava a pistola automática com silenciador. Olhou para ela.
— Se houver uma cópia sua lá embaixo... você está pronta?
Valentina ergueu o olhar.
— Aquilo pode parecer comigo. Pode até ter minha voz. Mas não é eu. E vou provar isso.
O pouso foi feito de maneira tática, em uma base desativada da antiga Força Aérea Dinamarquesa. O hangar onde aterrissaram havia sido completamente tomado por