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A TORRE E O SILÊNCIO

POV Zoey Sinclair

​A entrevista terminou no final da tarde e o tempo que se seguiu foi uma agonia de poucas horas. Eu me pegava checando o celular a cada cinco minutos o nervosismo crescendo a cada toque desconhecido e a incerteza pairava como uma nuvem sobre Eversfield. O alívio só veio na manhã seguinte quando o e-mail de Sophie a assistente de Henry Blackwood finalmente chegou confirmando a contratação. Um grito de euforia ficou preso na minha garganta. Eu tinha conseguido!

​A euforia porém durou apenas até o momento em que eu apertei o botão "Enviar" no e-mail de resposta à Sophie aceitando o cargo. Naquela noite meu pai Elias Sinclair e minha mãe Helena ligaram de Santa Aurora e a voz emocionada de minha mãe ao dizer que eu era o orgulho deles fez lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Eu havia conquistado o futuro que sonhara e meus pais haviam garantido o sacrifício.

​A notícia logo se espalhou entre Clara e Daniel que organizaram uma celebração improvisada e barulhenta no meu pequeno apartamento. Eles trouxeram cerveja barata e cupcakes de uma padaria local.

​— Eu sabia! Você nasceu para isso Zoey! Agora vá lá e domine a Blackwood! — Clara estava radiante batendo palmas.

— Mas me fala sobre o Henry — pediu Daniel jogando-se no meu sofá. — Ele é tão… intimidador quanto a lenda? O que ele fez você sentir?

— Intimidador é pouco Daniel — eu disse pegando um gole da cerveja. A menção a ele fez a tensão da entrevista voltar. — A sala dele é gigantesca e a presença dele preenche tudo. É como se ele estivesse sempre um passo à frente lendo o que você vai dizer antes mesmo de pensar.

— E a famosa frase? — insistiu Clara. — Aquela que ele disse sobre reconsiderar?

— Essa foi a pior parte. Ele é frio profissional mas aquela frase... Foi como se ele dissesse: 'Eu não devia te querer mas por algum motivo eu quero.' Não no sentido romântico mas... no sentido de desafio. Ele me viu como algo para ser provado não contratado.

— Exatamente — disse Daniel apontando um cupcake para mim. — E esse é o risco. Ele te desestabilizou?

Eu hesitei olhando para a garrafa na minha mão.

— Sim. Pela primeira vez desde que cheguei em Eversfield senti que perdi o controle. Ele é lindo é óbvio mas não é isso. É o poder dele a maneira como ele te olha. Aquele olhar... — suspirei. — Aquele olhar me fez esquecer quem eu era por um segundo. E eu não posso esquecer quem eu sou lá dentro.

​— Então não esqueça — disse Clara o sorriso se transformando em seriedade. — Ele te contratou. Agora é sua vez de provar que o motivo dele reconsiderar foi puramente a sua genialidade.

​A conversa me deu o foco que eu precisava. A partir daquele momento a Blackwood Tech seria sobre códigos eficiência e dedicação. O resto seria uma distração que eu me recusava a aceitar.

​Eu mal consegui dormir nos dias seguintes. A ansiedade era uma mistura de excitação pelo desafio e a expectativa de reencontrar Henry Blackwood.

​Naquela primeira segunda-feira a chegada ao 35º andar foi menos chocante do que eu esperava mas apenas porque o choque estava concentrado em uma única pessoa: Henry não estava lá.

​Sophie a assistente executiva me guiou pela ala de Projetos Especiais.

— O Sr. Blackwood estará em conferências fora da cidade durante a primeira semana. Seu gerente de integração será o Patrick e a líder de projetos é a Diana.

​A notícia me atingiu com uma pontada de decepção estranha. Eu havia me preparado mentalmente para o impacto da sua presença para decifrar seu olhar enigmático e agora ele era apenas uma ausência.

​O time de Zoey na ala de Projetos Especiais era composto por cinco pessoas todas brilhantes e focadas. Patrick meu gerente era um homem de meia-idade cabelos ralos e óculos grossos que exalava paciência e profissionalismo. Ele me recebeu calorosamente mas de forma direta.

​— Zoey a política aqui é simples: somos rápidos precisos e não falhamos. Você está na base da pirâmide mas seu trabalho tem impacto direto na liderança. Qualquer dúvida pergunte. Não cometa erros que o Sr. Blackwood terá que corrigir. — A menção a Henry era sempre um lembrete do peso do meu cargo.

​A integração foi intensa. Fui inundada com manuais códigos-fonte e regras de compliance. Eu almoçava na minha mesa mergulhada em tutoriais determinada a provar que a aposta de Henry valia a pena.

​Minha colega mais próxima Liz sentava-se ao lado. Ela tinha cerca de trinta anos era eficiente e mantinha uma postura reservada. No terceiro dia ela me pegou revisando pela décima vez uma linha de código.

​— Você está tensa Analista Sinclair — ela disse sem tirar os olhos da tela.

— Estou tentando não errar — respondi.

— Aqui o erro acontece. O que não pode acontecer é a falta de solução. Não se martirize. E se é pelo olhar do chefe que você está preocupada relaxe. Ele não tolera ineficiência mas tolera inexperiência corrigível.

​A conversa me deu um respiro. Não éramos rivais éramos colegas lutando contra o mesmo padrão de excelência implacável.

​A ausência de Henry no entanto tornava-se cada vez mais uma presença silenciosa. Em cada reunião Patrick terminava com "O Sr. Blackwood revisará isso assim que retornar." Em cada e-mail crucial a cópia era para "Henry Blackwood – CEO". Eu me pegava observando a porta do seu escritório vazio me perguntando onde ele estaria e se ele se lembraria do motivo pelo qual havia me contratado.

​Na sexta-feira eu me senti exausta mas vitoriosa. Havia dominado os primeiros softwares finalizado um relatório complexo e mais importante não havia cometido erros. Ao arrumar minhas coisas para o fim de semana enviei um e-mail de resumo para Patrick e por um impulso adicionei o nome de Henry Blackwood na cópia um breve e formal relatório sobre as tarefas concluídas.

​Eu não esperava resposta.

​Cheguei em casa e caí no sono quase instantaneamente. Acordei horas depois com um ping no celular. Era uma resposta ao meu e-mail e vinha do endereço hblackwood@blackwoodtech.com.

​O e-mail era sucinto sem sequer um cabeçalho:

"Sinclair. Agradeço o resumo. Mantenha o foco e a velocidade. Estarei na empresa na segunda. Não se atrase para a reunião das 8h. HB."

​Meu coração acelerou. Ele tinha lido. Ele estava voltando. A calmaria da primeira semana havia terminado. Eu estava de volta à órbita do CEO. A partir de segunda-feira eu estaria oficialmente sob seu olhar.

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