Tinham se passado alguns dias desde a reunião no trabalho, e a ansiedade inicial pela viagem tinha dado lugar a um entusiasmo tranquilo. Me sentia mais leve. Era como se, aos poucos, as feridas do passado estivessem se fechando de verdade, e no lugar delas nascia uma nova versão de mim — uma versão que ria com mais facilidade, que sonhava sem medo, que se sentia segura.
Caio, claro, fazia parte disso. Uma parte enorme. Ele tinha esse jeito de me devolver a paz com um toque, com um olhar, com uma piadinha idiota no meio da rotina.Naquela manhã de sábado, ainda de pijama e com os pés frios enfiados entre as pernas dele no sofá, comentei:— Preciso comprar umas roupas melhores pra viagem. Não tenho nada que sirva pra um evento assim.Ele, que até então fingia prestar atenção num documentário aleatório sobre castelos medievais, virou o rosto na minha direção com um sorrisinho já armado.— Está dizendo que vai me torturar no shoppin