Alguns dias já tinham se passado desde aquela manhã em que acordei com a cabeça pesada e o coração inquieto. Felizmente, a névoa do passado parecia ter se dissipado um pouco. Não totalmente — porque certas dores deixam marcas que demoram a sumir —, mas já não era um peso constante. Eu me sentia mais leve, mais inteira. Caio tinha esse efeito em mim.
Acordei antes do despertador, ouvindo o som distante da chaleira apitando e sentindo o cheiro de café fresco vindo da cozinha. Fiquei deitada por alguns segundos, com um sorriso discreto no rosto. As manhãs com ele tinham se tornado o melhor jeito de começar o dia.
Levantei ainda de pijama, os pés descalços no chão frio do corredor, e encontrei Caio de moletom cinza, com os cabelos bagunçados e uma expressão concentrada enquanto mexia na torradeira. Me aproximei por trás e o abracei pela cintura.
— Bom dia, chef do meu coração — murmurei, encostando o rosto nas costas dele.
— Bom dia, minha dorminhoca preferida — ele virou para me