50. Atropelada
Encaro a tela do celular desejando que a mensagem suma. Por um instante, penso em ignorar, mas acabo digitando:
"Não temos nada para conversar."
Envio a mensagem com as mãos trêmulas.
Ergo o olhar e dou de cara com Eleanor, que me observa atentamente. Há um brilho de curiosidade em seu semblante, e tudo nela parece me pedir explicações. Solto um suspiro pesado.
— Quer conversar sobre isso? — pergunta, indicando o celular com um leve movimento de cabeça.
Abro os lábios para responder, mas antes que consiga emitir qualquer som, o aparelho vibra de novo.
"Você não pode fugir para sempre. Precisamos falar sobre o divórcio." — Mikhail insiste.
Fecho os olhos, respiro fundo e balanço a cabeça em negação.
"Você já disse tudo o que tinha para dizer. Está decidido: em dois anos, assinamos o divórcio e tudo termina."
Enquanto envio a resposta, uma lágrima escorre silenciosamente pelo meu rosto. Enxugo-a rapidamente com as costas da mão e volto o olhar para Eleanor.
— O que houve, Sophie? — ela