34. Fetiches Corporativos
Mikhail Volkov
Ela entrou como um furacão.
Sem bater. Sem pedir permissão. Como se aquela sala também fosse dela.
E talvez seja mesmo. Porque, de algum modo que me fode por dentro, tudo em mim parece ruir quando Sophie está por perto.
Expulsou a secretária com um gesto frio, quase teatral. Como uma imperatriz pisando num inseto — sem ao menos olhar para baixo.
E agora está ali, sentada no meu sofá. Cabeça encostada, maxilar travado, olhos fixos no teto. Fingindo calma, mas o tremor sutil nos dedos denuncia: está prestes a explodir.
Então vem a bomba.
— Então… — diz, como se falasse sobre o clima. — Vou fazer um ensaio para uma marca de lingerie.
Silêncio.
Dois segundos. Três. Talvez mais.
Levanto devagar. Passo a mão pelo cabelo, me viro de costas. Caminho até a janela, tentando não explodir feito um animal encurralado.
Respiro fundo. Uma, duas vezes. Mas o sangue já ferve. E quando falo, minha voz é um sussurro — carregado de veneno.
— Posar. De lingerie. — repito, ainda sem encará-l