O cheiro de baunilha e farinha ainda pairava na cozinha. As panquecas estavam feitas, mas eu mal comi. Enzo tinha voltado ao modo silencioso – aquele em que seus olhos diziam tudo e sua boca não dizia nada. Nos despedimos sem palavras. Um toque de mão. Um olhar. E uma ausência que, por algum motivo, doía mais do que deveria.
Subi para meu quarto com passos lentos, arrastados. Tomei um banho quente tentando tirar o peso do dia, mas era inútil. Eu estava mais cansada da mente do que do corpo. Me joguei na cama com o cabelo ainda úmido, vestindo uma camiseta larga que cheirava a sabão e memória. Fechei os olhos por cinco segundos. Só cinco.
Meu celular vibrou na mesa de cabeceira.
"Meu escritório. Agora. – L"
Meus olhos se abriram de imediato. Luca. Sem contexto. Sem explicação.
Suspirei, sentindo um arrepio subir pela espinha. A mensagem era uma ordem, não um convite. Vesti uma calça jeans por cima da camiseta, prendi o cabelo num coque frouxo e desci as escadas em silêncio.
O corredor