Capítulo 54

Acordei com a cabeça latejando e a boca seca como se eu tivesse mastigado algodão durante a noite.

Luz demais. Barulho demais. Vida demais.

Rolei na cama e grunhi como um animal ferido, tateando com uma das mãos a garrafa d’água que deixei ao lado. Bebi o líquido morno como se fosse o elixir da imortalidade. Depois, enterrei o rosto no travesseiro, tentando lembrar por que, exatamente, minha cabeça parecia ter sido pisoteada por um boi.

Demorou alguns segundos.

A cerveja.

O hambúrguer.

Minha mãe me contando que teria vivido em trisal nos anos 70 como quem comenta a previsão do tempo.

E... meu Deus.

As mensagens.

Sentei com um tranco na cama.

— Não… não, não, não — murmurei, sentindo o pânico subir como uma onda.

Peguei o celular que estava largado sobre o criado-mudo. A tela acendeu e, ali, no topo das notificações, as mensagens deles. O ícone de mensagem ao lado de cada nome parecia brilhar como uma sirene vermelha.

Me amaldiçoei mentalmente.

Respirei fundo.

Toquei primeiro na conver
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