A reunião havia terminado há alguns minutos, mas Kenji ainda não havia se levantado. A tela do computador escura refletia apenas seu rosto sério, os olhos fixos, sem foco. Havia um silêncio estranho na casa. Silêncio demais.
Ele conhecia Ana. Conhecia o ritmo dela, a presença, até o jeito como ela suspirava quando estava distraída. Mas naquela tarde, não ouvia mais o som dos passos descalços, nem o tilintar das colheres na cozinha, nem o som da voz dela murmurando uma receita nova do YouTube. "Ana?" chamou, ao sair do escritório. Subiu os degraus com atenção. O andar de cima também estava quieto. Passou pelo banheiro — vazio. Closet — vazio. Sala de leitura. Jardim de inverno. Nada. E