Otávio
...Fecha os olhos. “Ela está tão perto. Mas é como se estivesse morta.”
Levo a carta até os lábios, como se pudesse ressuscitar o resto das palavras com um sopro. Como se o papel, amassado e gasto, ainda guardasse o som da voz dela. Da Marina que me amava. Da Marina que me escrevia cartas quando não conseguia dizer tudo com a boca.
Dobro a folha com cuidado. A foto — ela sorrindo na praia, o cabelo molhado colado ao rosto, os olhos fechados de tanto rir — fere mais que a carta. Mais que a aliança.
Era um dia comum. Nada de especial. E, ainda assim, tudo estava ali.
Sento na beira da cama, a caixa aberta ao meu lado. A aliança brilha mesmo sob a luz fraca