A ponta do lápis desliza no papel com um som suave, quase terapêutico.
Eu não desenhava havia anos. Nem me lembrava direito de quando tinha sido a última vez. Talvez antes do acidente. Talvez antes de mim mesma.
Mas agora, com o caderno velho apoiado nas pernas, sentada no chão da sala com a luz da tarde entrando pela janela, os traços simplesmente surgem. Sem pretensão, sem rumo certo.
Primeiro são só formas.
Linhas curvas, espirais, sombras. Uma mulher de olhos fechados. Um corpo partido ao meio, mas com raízes crescendo do peito. Um casal em movimento, com mãos entrelaçadas que não se soltam mesmo diante do caos ao redor.
Eu desenho e