Otávio
O som das risadas me tirou do foco.
Eu estava revendo os relatórios de medicação na minha sala, mas os ecos de vozes vindos do corredor me fizeram levantar os olhos. O vidro semi-transparente me dava visão parcial do saguão principal. E lá estava ela.
Marina.
Rindo. De novo.
Ela se abaixava perto da poltrona da Dona Elvira, com uma bandeja improvisada de chá nas mãos. Estava organizando um “chá das cinco” improvisado para os idosos — um costume que, segundo ouvi por alto, ela tentava manter uma vez por semana. Não estava no cronograma, não estava nas fichas nem nos protocolos. Mas funcionava.