Três meses haviam se passado desde que eu comecei a trabalhar no asilo, e, com o tempo, a rotina se tornara uma constante que eu mal percebia. As manhãs se arrastavam em um ritmo lento e previsível, e, ao final do dia, o cansaço tomava conta de mim com uma intensidade que já não era mais novidade. A sensação de estar constantemente no limite, de viver entre as obrigações e o peso das lembranças que surgiam nas horas mais solitárias.
Eu me sentia exausta — fisicamente e emocionalmente. Cada dia, mais uma camada de desgaste. O trabalho, embora gratificante em muitos aspectos, se tornava cada vez mais difícil de lidar. O silêncio dos corredores, o peso dos olhares vazios dos moradores, os gestos repetidos. Tudo parecia se misturar em um único borrão de rotina.