O silêncio da madrugada pesava mais do que qualquer barulho da tempestade. Os corredores agora estavam mergulhados numa penumbra morna, com apenas alguns pontos de luz de emergência acesos.
Os moradores dormiam. Até mesmo Dona Elvira silenciara, como se a eletricidade do prédio tivesse drenado também o excesso de palavras dela.
Eu caminhava devagar pelo corredor que levava aos quartos dos funcionários, com a toalha ainda úmida sobre os ombros e o coração acelerado como se tivesse corrido. O que havia acontecido no escritório não era nada, mas também era tudo. Ainda sentia o calor da respiração dele, o cheiro de chuva, a tensão que ficou entre nós — latejando, sufocando.
Vi a porta do quar