A comitiva cavalgava em silêncio pelas trilhas ocultas, o lago Espectral já distante atrás deles. A aura deixada por Clarice ainda parecia envolver o grupo, como se cada um deles carregasse agora uma partícula daquela revelação ancestral. Nem mesmo os pássaros ousavam cantar.
Ares mantinha sua montaria ao lado da de Clarice. Desde que a tirara da água, com o corpo emanando luz azulada e as runas vivas em sua pele, algo dentro dele havia mudado. Não em sentimento — mas em reverência. Ele a amava, disso nunca duvidou. Mas agora a temia um pouco também. Não de forma negativa, mas como se soubesse que ali cavalgava ao lado não apenas de sua companheira, mas da única herdeira de algo que nenhum lobo jamais ousou tocar.
— Ainda está doendo? — ele perguntou em voz baixa, como se temesse acordar os ecos da floresta.
— Queimando — ela respondeu com sinceridade. — Mas... é uma dor diferente. Como se estivesse me moldando por dentro.
Ele assentiu, a mandíbula tensa. Kaelen, que vinha mais atrás