César apenas levantou a mão e afastou uma mecha rebelde dos cachos dela, prendendo-a atrás da orelha com delicadeza.
— Você é uma mulher muito bonita. — O elogio veio simples, sem floreios, e por isso mesmo pareceu verdadeiro.
Antes que o silêncio se prolongasse demais, César se levantou e estendeu a mão para ela.
— Vamos? Ainda tem coisa boa pra ver antes de escurecer.
Paloma aceitou a mão dele e deixou-se guiar. O caminho de volta parecia outro: o céu, agora tingido de laranjas profundos e violetas discretos, envolvia a praia numa aura quase sagrada. Cada passo sobre a areia úmida deixava marcas que logo eram apagadas pelas ondas, como se aquele momento fosse feito só para os dois.
Ela sentia dentro de si uma mudança sutil, como se algo tivesse despertado. Cada riso compartilhado, cada olhar trocado, parecia plantar sementes de algo que ela ainda não ousava nomear.
César a observava de soslaio, o sorriso fácil nos lábios. O vento quente brincava com os cachos dela, e por um instante