Capítulo 50
David Bellerose Neto
Acordei com o toque do celular vibrando sobre o criado-mudo, insistente, insistente demais pra ser algo simples. Abri os olhos ainda pesados, peguei o aparelho sem olhar o número, e bastou ouvir o som do choro do outro lado da linha para meu estômago virar.
Era a mãe da Clarisse.
— David… por favor… me escuta… — a voz dela falhava, embargada, como se cada palavra fosse uma luta. — A Clarisse… ela… ela fugiu da clínica.
Sentei na cama de um pulo.
— Como assim fugiu?! — minha voz saiu áspera, atravessada pelo susto.
Lavínia ao meu lado mexeu o rosto contra o travesseiro, despertando devagar com meu movimento brusco.
— Eu… eu não sei detalhes… só ligaram pra mim dizendo que ela estava desaparecida. E… e… — a respiração dela se desfez em soluços. — Ela tentou se matar, David. Tentou tirar a própria vida no cemitério… no túmulo do Tomás…
Senti o peito arder, como se alguém tivesse enfiado a mão entre minhas costelas e apertado o coração até ele parar. Era i