Capítulo 51
David Bellerose Neto
O corredor parecia mais frio do que deveria. Hospital sempre carrega um tipo estranho de silêncio, um silêncio que não é ausência de som, mas presença de dor. Cada passo que eu e Lavínia dávamos ecoava fundo no peito, como se estivéssemos caminhando em direção a algo que ainda não conseguíamos nomear.
A mãe da Clarisse estava sentada numa cadeira azul, mãos entrelaçadas, o rosto marcado de uma noite inteira de choro e desespero. Quando nos viu, levantou-se de imediato.
— Vocês vieram… — ela murmurou, como se isso fosse um milagre.
Eu apenas assenti.
Lavínia, sempre mais gentil do que o mundo merece, a abraçou sem hesitar. A mulher desabou nos braços dela, soluçando baixinho. Era um abraço que eu nunca teria conseguido dar. Não porque eu não sentisse empatia, mas porque doía. Doía demais.
— Ela acordou por alguns minutos mais cedo — a mãe disse, enxugando o rosto. — Perguntou por você… e… por você também, Lavínia.
Lavínia se surpreendeu.
— Por mim?
— Si